A belíssima tela que ilustra esta matéria é obra do consagrado pintor francês Jean-Baptiste Debret e retrata o histórico Porto de Araritaguaba no ano de 1827. As pinturas de Debret mostravam temas variados, indo desde o retrato de cenas do cotidiano até grandes eventos da alta sociedade brasileira e da corte portuguesa no Brasil. O Mestre Debret também retratou a vida dos escravos e dos índios, bem como reproduziu em seus desenhos, variedades da fauna e da flora.
Notem na tela como era o histórico local de onde partiam as Monções rumo aos sertões inóspitos de Cuiabá, para dar ao Brasil as dimensões continentais que hoje possui. Observem ao fundo as torres da Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens, inaugurada no dia 9 de outubro de 1750. Vejam no alto o caminho íngreme utilizado pelos bandeirantes e também pelos monçoeiros, no mesmo lugar onde hoje estão as escadarias de acesso à Gruta Nossa Senhora de Lourdes.
À esquerda, embaixo, está o legendário Porto de Araritaguaba, onde se vê um pequeno abrigo coberto de sapé. Esse abrigo tinha a denominação de “capoava ou capuava”, que no dialeto tupi-guarani significa “rancho coberto de sapé”, que era utilizado pelos intrépidos e valorosos navegadores paulistas para fabricar e abrigar as embarcações que utilizavam nas suas viagens. Nas águas do Rio Tietê, o velho Anhembi no dialeto indígena, vemos diversas embarcações em mais uma histórica e perigosa aventura fluvial.
Jean-Baptiste Debret ou simplesmente Debret, nasceu em Paris no dia 18 de abril de 1768 e faleceu naquela cidade francesa no dia 28 de junho de 1848. Foi pintor, desenhista e professor. Integrou a Missão Artística Francesa em 1817, que fundou na cidade do Rio de Janeiro a Academia de Artes e Ofícios que, mais tarde, se transformou na Academia Imperial de Belas Artes, onde lecionou.
De 1826 a 1831 Debret empreendeu viagens por várias cidades do Brasil retratando tipos humanos, costumes e paisagens locais, como o fez na então Vila de Porto Feliz em 1827. No ano de 1821 Jean-Baptiste Debret foi o responsável pelo esboço daquela que viria a ser a primeira bandeira do Brasil Independente, com a colaboração de José Bonifácio de Andrada e Silva.
Foi um dia na história passada / Desta gente que alegre se diz / Bandeirantes que daqui partiram / Encheram de glórias o Porto Feliz!
Reinaldo Crocco Júnior é advogado, escritor, pesquisador e colaborador da TRIBUNA
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